domingo, 2 de fevereiro de 2014

Babilônia 2007*

Para não ver como gueto
esse bairro impróprio
esculpido na pedra
há que ouvir sua gente

e nas casas 
entender o sorriso
saborear a lágrima
beber do café
ou da coca-cola

subir o escadão
desintelectualizado
sem sociologias
e antropologias
mas com a alma aberta
a tudo o que entrar:
toda a humanidade
das pessoas simples
que penam 
mas também festejam
cozinham o feijão
criam os filhos
odeiam e amam como o resto de nós

estar lá
como um iniciado
nos mistérios do mundo
e enfim decifrar
outro de seus códigos:
favela sobre o morro
— algo como
a vida numa estante.


                   * Assistindo, em janeiro de 2007, ao documentário ‘Babilônia 2000’, de Eduardo Coutinho (1933-2014)

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