quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

A Sabedoria Suprema

Há uma lenda (que não sei se é legítima como tal, ou invenção de algum sujeito muito cínico-irônico) que diz o seguinte (a história parece ser de domínio público, essa versão é minha):

Houve, em algum momento da história humana, um grande mestre, muito sábio. Ao ser questionado, em público, sobre qual seria o segredo principal para a felicidade em nossa vida social, ele respondeu, calmamente:
"O segredo principal da felicidade é agir com sabedoria em nossas relações com as outras pessoas."
Isso, claro, não respondia nada e a pergunta seguinte era inevitável:
"E o que é agir com sabedoria em nossas relações com as outras pessoas?"
Sua resposta, dita lentamente, em tom calmo e com um sorriso, foi:
"Agir com sabedoria em nossas relações com as outras pessoas consiste em uma única regra, muito simples: 'Nunca entrar em discussão com idiotas'"
Isso gerou um burburinho entre os presentes, até que um pediu a palavra e disse:
"Não é possível que essa seja a regra principal para agir com sabedoria nossas relações com as outras pessoas!"
Ao que o mestre respondeu, sorrindo:
"Está certo, você tem toda a razão."

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Alada

Ontem eu tive um sonho. Você voava pela primeira vez. E me xingava, sorrindo em meio às lágrimas. Com medo de cair, você se entregou em meus braços, mas sem o mínimo remorso, eu lhe soltei.

Joakim Antonio

(abrir as asas é um renascer)

domingo, 11 de novembro de 2018

Criando

Tempo
senhor dos momentos
tem por mote certo
memórias
Brinca
sem pensar nada
no mar aberto
dele
No mais
menos lhe importa
quais as estações
suas
Tempo
senhor das memórias
tem por vocação
criá-las

Joakim Antonio

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Blue Moon VII



"Não havia dúvidas, ela veio pra uma aviso. Não importava se o céu não era breu, nem o brilho das estrelas ficarem em segundo plano. Não importava nem se era no céu cinza da cidade de pedra. Ela vinha trazendo anil pra colorir tudo a sua volta."

E como você sabia que era pra uma aviso, Mãe?

Ela veio tão brilhante, que só víamos uma Estrela D'alva!

E o que mudou, mãezinha!

A alma da gente, filha. A alma da gente...

Joakim Antonio

Lua em São Paulo, por Judith Muniz


Blue moon, foi um exercício poético, feito a partir de um pedido de fotos da Lua, no facebook, do local onde meus amigos estivessem. Para cada foto recebida fiz um texto, em poema ou prosa poética, no mesmo momento em que recebia a foto. No total, foram sete fotos recebidas.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Blue Moon VI



Que terra nada
quero lua bela
e namorados

Que descansar
quero ele aqui
e nada mais

Que perfeição
quero concreto
só sonho não

Que maravilha
saber que o sol
estará aqui

Joakim Antonio

Imagem: Lua aguardado o Sol. Por, Cecilia Maria De Luca, aguardando Spinello Bruno. Que sempre vem!




Blue moon, foi um exercício poético, feito a partir de um pedido de fotos da Lua, no facebook, do local onde meus amigos estivessem. Para cada foto recebida fiz um texto, em poema ou prosa poética, no mesmo momento em que recebia a foto. No total, foram sete fotos recebidas.

sábado, 11 de agosto de 2018

Blue Moon V



Em espera, para um encontro secreto. Mesmo que a luz a denuncie. Dizem que seu senhor tem auréola. Uns juram que é São Jorge, o guerreiro protetor de lança em riste. Outros dizem ser o próprio Dragão. Um encantado, abastando ela com seu fogo. Mas quem presta atenção no brilho dele, nela. Descobre a verdade fácil. E ela não cansa de brilhar, até o dia do encontro tão esperado. Eclipsado, para nós, mas puro ouro. para eles. Que vivem eternamente algemados, um no outro, por amor.

Joakim Antonio

Imagem: Lua, em Belo Horizonte, por Amar Yasmine Do Werther


Blue moon, foi um exercício poético, feito a partir de um pedido de fotos da Lua, no facebook, do local onde meus amigos estivessem. Para cada foto recebida fiz um texto, em poema ou prosa poética, no mesmo momento em que recebia a foto. No total, foram sete fotos recebidas.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Blue Moon IV



O poeta se pergunta.

Se fizesse uma corda de estrelas, ela o alçaria ao céu? E nesse céu, antes do local predestinado, poderia dançar nas nuvens? E das nuvens, sem que o Sol soubesse, poderia beijar a Lua?

O poeta se pergunta, mas não responde. Tem medo da lua sumir no horizonte, ao saber seus planos.

Joakim Antonio

Imagem: Lua, em São Paulo, por Teresa Lopes.



Blue moon, foi um exercício poético, feito a partir de um pedido de fotos da Lua, no facebook, do local onde meus amigos estivessem. Para cada foto recebida fiz um texto, em poema ou prosa poética, no mesmo momento em que recebia a foto. No total, foram sete fotos recebidas.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Blue moom III



Este luar é emprestado. Não ouso tomá-lo de um amigo. Pior seria se me atrevesse, roubar o olhar de um poeta. E além disso. Um lobo respeita o outro. Já a Lua, que pecado, sorri pro mundo. E os poetas em respeito, ou submissos, ajoelham-se e rezam, "orate pro nobis" lábios cheios e prateados, no momento, intumescidos. E ela, matreira, sorri como se não tivesse nada com isso. Mas eles sabem e continuam, deitando suas cabeças, no mundo Dela.

Joakim antonio

Imagem: Lua, em Americana, por Marcelo Moro.


Blue moon, foi um exercício poético, feito a partir de um pedido de fotos da Lua, no facebook, do local onde meus amigos estivessem. Para cada foto recebida fiz um texto, em poema ou prosa poética, no mesmo momento em que recebia a foto. No total, foram sete fotos recebidas.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Blue Moon II



Avista Clara
sem saber nome

Então nomeia
por pura fé

Há luz divina
sem sobrenome

Mas sabe a santa
sem ser Tomé

Lembra de Assis
fazendo soma

Agora sabe
a Lua quem é

Joakim Antonio


Imagem: Lua, por Cecilia Maria De Luca

Blue moon, foi um exercício poético, feito a partir de um pedido de fotos da Lua, no facebook, do local onde meus amigos estivessem. Para cada foto recebida fiz um texto, em poema ou prosa poética, no mesmo momento em que recebia a foto. No total, foram sete fotos recebidas.



quarta-feira, 11 de abril de 2018

Café antigo




O café tem um dom antigo de despertar o olhos pro amigo, tem o poder de adoçar as manhãs com o sorriso do encontro e possui um aroma, que rivaliza com o perfume do corpo, de frescor após o banho.
O café tem um dom antigo de reunir pessoas, antigamente em volta da fogueira, aquecido com uma pedra quente jogada na chaleira e coado num pano de algodão. E hoje em dia, apesar de expresso, dá um stop na correria, pois um bom café pede toda nossa atenção.
O café tem um dom antigo de despertar palavras, em todas as línguas, unindo-as por um momento, que mesmo que pareça tímido, será relembrando como grande ocasião.

Joakim Antonio


Imagem: Cup o' joe revamped
by Codeboy

segunda-feira, 2 de abril de 2018

labirintos

as palavras estão para o papel
não quero dispensar mais nada
sem calor, sem frio, sem verbo
as escolhas se calaram com
o assombro do vento
tudo é sal e salitre
o que do mar me sobra
é a sombra do tempo
a onda que não quebrou
as palavras não estão para nada
calaram em algum lugar que não sei
dispersaram antes que eu abrisse
a boca e enrugasse os olhos
as coisas pedem socorro
e eu já desisti de salvar
minotauros dentro de mim
batem cabeças contra paredes
as palavras são monstros.
LM@rq

domingo, 11 de março de 2018

Vestido de Papel - Brincadeira Alada - ZenOrigami MK



"Olhava as crianças brincando 
com os pássaros na calçada 
e não conseguia distinguir 
de quem eram as asas"


"Brincadeira Alada" papel garimpado de caixas e baús, dobras de Marcia Krone "ZenOrigami MK"  

poesia: Joakim Antonio
origami: ZenOrigami MK

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

retomadas buscas

Sempre que chovia, e só quando chovia, saía pelas ruas procurando a família.

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Blue moon I



Equidistante
um ponto. Sou
onde tu estás

Apaixonante
um amor, vírgula
sem se explicar

Mirabolantes
meus pontos: dobram
pra te falar

Desconcertante
teu olhar! Exclamo
num ponto' ar

Joakim Antonio



Imagem: Lua, em Fortaleza, Ceará. by Cristina Macedo


Blue moon, foi um exercício poético, feito a partir de um pedido de fotos da Lua, no facebook, do local onde meus amigos estivessem. Para cada foto recebida fiz um texto, em poema ou prosa poética, no mesmo momento em que recebia a foto. No total, foram sete fotos recebidas.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

pensa na carne como ilha


escura e transparente
finita e eterna
uma carne-sangue que não pertence
suposta matéria osso e tutano
que fende e apesta
sou a face dessa forma
um encaixe do não encaixa
a carniça manca
presa no desespero



LM@rq

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Verde



Em passo tribais, sou natureza. A grande tartaruga e o mundo em arte, sobre suas costas. Busco me encontrar em cada ato. Rastreio minha cor no asfalto, mas ela falta. Entre árvores de cimento e janelas mágicas brilhantes das ocas de pedra - já para o natal, me desencanto. Passo de borboleta a lagarta e me arrasto, querendo algo mais. Minha tribo não me satisfaz, tem caciques demais e Xamãs de menos. Então, mudo do local, busco voz longe dos galhos de fios, mais perto da água, aumentando o azul do céu. Mas sinto que ainda não é minha cor. Já com o encanto do mar, ouso voar, aperfeiçoar minha visão, ver o outro lado do mar. Agora o clima é noir. As cores não são quentes como no meu lar. A casca usada é pesada e muita, até alguns olhares são frios. Mas por dentro me encontro, sentindo um vislumbre do que virá. Passo a aceitar novas cores, ensinos, amores e o que pintar. Sem perceber, o Tempo brinca e viaja comigo, retorno e me vejo em casa. Seu presente, grandes asas. Só assim vejo o todo. E noto. Uma menina passando e a cor dos seus olhos. Um papagaio que repete, Seja, infinitamente. A folha rasgada de um livro antigo, com o Santa Claus original. O mar, em um tom além do azul. O cabelo de outra menina, num tom incomum. E penso em árvores, pássaros, frutas e maturação. Encontrando rotas, onde só veem paredes. E meu coração bate forte. Ao encontrar a palavra certa, para sua cor.

Verde!

Joaquim Antonio


Imagem: Jeannette Priolli - série " VERDES " 2017
1.50 m. x 1.50 m. x 0.10 m. acríclica s/ tela

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

se a elegia do homem supera


a rudeza oblíqua do universo afônico
não cale poeta, peço-te, não cale
aventa-te com tuas boas e más palavras
do parapeito do décimo andar
que cada verso seja uma queda brusca
e repentina
rumo ao infinito vago do vazio
LM@rq